quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Life experience

Foi dada a largada da contagem regressiva. Apesar da imensurável saudade do Brasil, dá um aperto no coração saber que tudo isso está prestes a acabar.
Uma família criada aqui. 14 pessoas que foram "forçadas" a conviver, e que se tornou uma família.
A primeira pessoa já está voltando e tremo na base ao vislumbrar o momento da despedida. Sou péssima com despedidas, principalmente quando gosto de quem está partindo. Em casa, no Brasil, muitas vezes fico sozinha. Minha irmã e mãe costumam passar os domingos fora de casa e fico só com meu cachorro. Simplesmente detesto isso e foi fenomenal ter a casa sempre cheia.
São sete catarinenses, cinco cariocas (de todos os cantos do Rio) e dois capixabas. Uma mistura que, na minha opinião, deu certíssimo!
Infelizmente convivi pouco com algumas pessoas por causa da incompatibilidade de horários. Em compensação aprendi a admirar, respeitar e adquiri um carinho enorme por outros.
É surreal imaginar que depois de três meses essas pessoas vão desaparecer da minha vida. Não vou mais acordar com gente dormindo na sala, tentar (e não conseguir) pisar delicadamente por causa dos vizinhos chilenos do andar de baixo, me esquivar pra chegar a minha cama porque tem alguém dormindo em um colchão colado à ela. Não vou mais levar minha vida para o banheiro e me trocar lá. Nem espremer as coisas na geladeira ou usar a varanda como freezer. Não vou mais lavar louça (ufa!), nem levar o lixo para a garagem, que é bem mais quentinha que meu quarto, diga-se de passagem.

Vou setir falta de tudo. Do Big mandando dois beijinhos de boa noite imitando a Camila. Da risada do Peixe, que consegue ser mais escandalosa que minha. Da Ritinha espivitada, do sotaque baiano do Thiago (que é catarinense). Das grosserias do Daniel, do sotaque fofo de (já nem uso artigo) Thalisson e Robson. Da adorável e mais amiga, a Fe. Do divertido e prestativo Rudney. Aliás, os catarinenses são todos divertidíssimos. Dos 'yo, motherfucker' do mais carioca de todos, o Guga.
Acho que vou até sentir falta de esperar a Kamila sair do banheiro. Terei saudade dos papos do banheiro que tentavam ser particulares mas a casa inteira ouvia. Dos meus companheiros de quarto que, enquanto dormiam congelando, me ouviam falar nos sonhos (até em inglês) e escutavam aos gemidos da Camila. Em compensação eu suportava os roncos deles.

Que saudade vou sentir de subir o condomínio e encontrar a casa cheia de tênis e botas no tapete, bolsas e casacões na mesa.
Vou guardar com muito carinho o aniversário surpresa do Paizão e a aconchegante sala, a sede do nosso convívio. Das noites animadas ao som de "When I grow up" e "Womanizer" e os momentos não tão agradáveis assim, como as reuniões que ditavam as regras que seriam descumpridas.
Foi aqui, que além da cultura americana, eu conheci mais a brasileira. Jamais ouviria falar do Diarinho e Vitor e Léo se não fossem pelos sulistas, ou escutaria Alexandre Pires depois de 300 anos. Não incluiria Itajaí na letra I de adedanha/stop.
Daqui uns anos vou rir da geladeira super lotada, a lareira amontoada de coisas pra secar, dos bilhetes/avisos descontraídos, da confusão do aluguel.
Só não sei se sentirei falta de subir o condomínio com as compras do Smith's e escrever meu nome em todas as coisas.