Sexta-feira, meio de expediente, entre uma ligação e outra, recebo um cadeau surpresa. O livro "Saindo de [Casa] Independência ou Morte!", de Bárbara Ribeiro (autora do livro, não do presente). Em meio a correria, mal pude agradecer à gentileza. Como a temática move out está bem recorrente na minha cabeça, não pensei duas vezes ao me jogar na cama e abrir o livro sem mesmo me dar ao trabalho de procurar os óculos. Pensava que leria 30 páginas, no máximo 40. Estava esperando uma amiga chegar...não para bebermos vinho, comermos canapés e discutir o governo Dilma, mas para ver fotos de viagens antigas e emprestar roupa (Sim, sou uma loser). Em dado momento percebi que levei um cano desse programão e continuei a leitura, esperando que lá pelas 22h e tanto fosse capotar de sono. Nada mais justo depois de uma semana intensa de trabalho - inclusive no feriado.
No entanto, a semelhança com os personagens me prendeu. Me relacionei com o anseio deles em sair desse lugar 'que é bom mas é uma merda'. Todos os dias me pergunto quando vou sair da casa da minha mãe, com quem, porque, pra onde.
O livro não trouxe muitas respostas, é verdade. Aliás, te deixa mais em dúvida ainda de sair de casa ou não. Nos diálogos engraçados, ágeis e ácidos que Bárbara escreve, enxergo a minha geração. Me enxergo. O que é muito difícil, pois sempre lemos sobre 1968, tropicália, cinema novo, passeata dos 100 mil, e desejamos internamente e com uma nostalgia paradoxal que estivéssemos lá.
Mas em "Saindo de Casa", não. Os cenários mencionados são tangíveis...Casa da Matriz, Drinkeria Maldita, Pista 3, Bokowski, rodas de samba, Jobi, pilotis da PUC entre muitos outros. Se o pano de fundo é tangível, os personagens são praticamente tocáveis. Eu sou a Luana, garota que anseia morar no exterior e quando consegue, não se sente em um lar, que se despede dos amigos em uma viagem e desfruta do último dia sozinha, que volta para o Rio e tem que lidar com uma roomate mimada; mas também sou a filósofa, que só fica dentro do quarto e se diverte com seu Rivotril; ou o Murilo, que é gente boa com todo mundo mas impõe limites; ou até mesmo o guitarrista, sensível, artista e, surpreendentemente, careta. Sou eu, minhas amigas e amigos, minha irmã. Resultado, li o livro todo e fui dormir pra lá de meia noite e com a pulga atrás da orelha.
É o tipo de livro que não se propõe a dar respostas, é despretencioso e dinâmico, com diálogos engraçados das pessoas que dividem um apê, o tipo de conversa que você gostaria de ter. Mas também com situações desconfortáveis, momentos de estresse e decisão, ou seja, tudo o que temos na vida real. E se a vida real não é perfeita, por que o processo de sair de casa deveria ser?
4 comentários:
amigs! me empresta?
mesmo com todas as dúvidas levantadas pelo livro, se muda comigo> <3
felicíssima com o retorno do blog!! acho que vc nunca deveria tê-lo abandonado, mas enfim..
super me identifiquei com esse livro! principalmente com a filósofa que n sai do quarto e se diverte com seu rivotril. Comprarei um pra mim assim que chegar no brasil.
by the way, se um dia escrever um livro, a orelha e as críticas serão suas pq vc realmente me convenceu!
Oi minha gatinha..., imagina quem viveu a revolução e os conflitos dos anos 60, quando o tabu era tão grande que nem dava pra falar a palavra sexo, mas todos ousavam escondido de baixo do cobertor foi quando de repente com só 18 anos me deparei com uma argola no dedo uma casa pra cuidar e um cara que mal conseguia chegar junto nos compromissos
financeiros!!!!!!!!Mas tudo isso é muito muito pouco perto do imeeeeeeeenso prazer e da loucura de cuidar livremente do seu próprio nariz, como diz o ditado popular "Sou dona do meu próprio nariz" mesmo que para isso tenha que se pagar um preço muito alto...Valeu e vale muito a pena tudo isso!!!!Vive la Liberte!!!!
Mana adorei que vc me citou.Finalmente!!! kkkkkk (não coloquei rsrsr para vc não me bater!!!)...
vem cá, esse anônimo é a mamãe???
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