Estou com muitas saudades de tantas coisas inusitadas! Na maior parte do tempo eu nem presto atenção ou sinto falta de alguma coisa. Mas nos momentos de tranquilidade e introspectivade, o coração aperta.
Sinto falta, principalmente, das minhas amigas, irmã e mãe. Não necessariamente nessa ordem. Aliás nem sei se seria capaz de hierarquizar essa ordem.
Sinto falta dos engarrafementos pra faculdade e do sentimento intenso de alívio ao ver que o trânsito estava livre. Saudade de chegar em casa e minha mãe falar:
- Filha, por que não veio me dar um beijo?
- Mãe, dei um oi geral, você estava aí trancada no escritório...
Saudade de ir ao cinema e comer no Outback com a família. De falar pras minhas amigas: quer comer uma saladinha no outback? E de ser convidada pra um Koni.
De recusar um convite pra Nuth toda quarta. De falar 'amiga, vamos a um sambinha?' De bater perna no NY e atravessar pro Nipa.
Saudade de poder tomar banho e sair de toalha pra me trocar a vontade no quarto (Em vez de ir pro banheiro com ciroula, calça, sutiã, hidratante, desodorante etc). De expulsar minha irmã do computador. De dirigir!
De dormir com o meu cachorro.
De reclamar que a porta da frente está sempre trancada ou que me chamaram pra mesa antes do almoço estar posto.
Bom, voltando as novidades daqui.
Parece até besteira falar que estou aprendendo muito. Isso é mais que óbvio mas eu me choco comigo mesma.
Morar com tantas pessoas está sendo, na esmagadora maioria do tempo, ótimo! Realmente não esperava por isso, foi uma surpresa. Achei que 90% do tempo seria de perrengue. Claro que algumas coisas me incomodam, assim como eu incomodo a alguns e todos se incomodam mutuamente.
Por exemplo, na véspera de Natal fui fazer as compras pra ceia com um menino. Bem cedo pois tinhamos que trabalhar. Voltamos e logo eu saí para o batente. Só retornei lá pras 21h e pus a mesa do jantar (eu que insisti em fazer. Sei que outros teriam feito se eu não tivesse pedido). O resto do pessoal cozinhou e deu uma geral na casa.
Na manhã seguinte lavei a louça. Não me incomeodo de fazer isso e me senti meio que em dívida visto que uma galera ralou pra caramba pra concretizar a ceia. Lavei quase tudo e já tinha perdido um ônibus quando uma menina se ofereceu pra terminar (não era pouca coisa). Ótimo!
Fui trabalhar e quando voltei o pessoal me mostrou uma taça que eu tinha usado no jantar que não estava lavada. Na hora eu fiz um ha ha e lavei, sem problemas mesmo! Mas quando parei pra pensar vi na tamanha mesquinharia que foi aquilo. Eu lavei boa parte da louça de livre e espontânea vontade e me aprontam essa brincadeira de mau gosto. São coisas que você percebe com o tempo.
Ser rápido no banheiro, silencioso pela manhã, segurar a grana, aguentar comentários e exigências estúpidas de alguns chefes que não merecem respeito, tudo é um baita aprendizado. Todo dia. Coisas que acontecem em casa, no Brasil mesmo, mas que não valorizamos diariamente.