domingo, 28 de dezembro de 2008

Hoje faz um mês que sai de casa. Já passei esse tempo longe de casa, a partir de amanhã é tudo inédito.

Estou com muitas saudades de tantas coisas inusitadas! Na maior parte do tempo eu nem presto atenção ou sinto falta de alguma coisa. Mas nos momentos de tranquilidade e introspectivade, o coração aperta.
Sinto falta, principalmente, das minhas amigas, irmã e mãe. Não necessariamente nessa ordem. Aliás nem sei se seria capaz de hierarquizar essa ordem.
Sinto falta dos engarrafementos pra faculdade e do sentimento intenso de alívio ao ver que o trânsito estava livre. Saudade de chegar em casa e minha mãe falar:

- Filha, por que não veio me dar um beijo?
- Mãe, dei um oi geral, você estava aí trancada no escritório...

Saudade de ir ao cinema e comer no Outback com a família. De falar pras minhas amigas: quer comer uma saladinha no outback? E de ser convidada pra um Koni.

De recusar um convite pra Nuth toda quarta. De falar 'amiga, vamos a um sambinha?' De bater perna no NY e atravessar pro Nipa.
Saudade de poder tomar banho e sair de toalha pra me trocar a vontade no quarto (Em vez de ir pro banheiro com ciroula, calça, sutiã, hidratante, desodorante etc). De expulsar minha irmã do computador. De dirigir!
De dormir com o meu cachorro.
De reclamar que a porta da frente está sempre trancada ou que me chamaram pra mesa antes do almoço estar posto.

Bom, voltando as novidades daqui.

Parece até besteira falar que estou aprendendo muito. Isso é mais que óbvio mas eu me choco comigo mesma.
Morar com tantas pessoas está sendo, na esmagadora maioria do tempo, ótimo! Realmente não esperava por isso, foi uma surpresa. Achei que 90% do tempo seria de perrengue. Claro que algumas coisas me incomodam, assim como eu incomodo a alguns e todos se incomodam mutuamente.
Por exemplo, na véspera de Natal fui fazer as compras pra ceia com um menino. Bem cedo pois tinhamos que trabalhar. Voltamos e logo eu saí para o batente. Só retornei lá pras 21h e pus a mesa do jantar (eu que insisti em fazer. Sei que outros teriam feito se eu não tivesse pedido). O resto do pessoal cozinhou e deu uma geral na casa.
Na manhã seguinte lavei a louça. Não me incomeodo de fazer isso e me senti meio que em dívida visto que uma galera ralou pra caramba pra concretizar a ceia. Lavei quase tudo e já tinha perdido um ônibus quando uma menina se ofereceu pra terminar (não era pouca coisa). Ótimo!
Fui trabalhar e quando voltei o pessoal me mostrou uma taça que eu tinha usado no jantar que não estava lavada. Na hora eu fiz um ha ha e lavei, sem problemas mesmo! Mas quando parei pra pensar vi na tamanha mesquinharia que foi aquilo. Eu lavei boa parte da louça de livre e espontânea vontade e me aprontam essa brincadeira de mau gosto. São coisas que você percebe com o tempo.

Ser rápido no banheiro, silencioso pela manhã, segurar a grana, aguentar comentários e exigências estúpidas de alguns chefes que não merecem respeito, tudo é um baita aprendizado. Todo dia. Coisas que acontecem em casa, no Brasil mesmo, mas que não valorizamos diariamente.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Uma mulher morreu em uma avalanche aqui.
Ja parou pra pensar o quao bizarro e voce sair de ferias pra esquiar e nunca mais voltar? Com o destino nao se brinca.


Mudando de assunto...
sempre achei que os tais comerciais comparativos dos Estados Unidos fossem mais emblematicos do que de fato frequentes. Mas estava enganada. Os danados existem mesmo.
Volta e meia passa um anuncio do Donkin' donuts comparando o seu cafe ao do Starbucks. E sem a menor cerimonia. E uma mulher lindona, fazendo pesquisa com as amostras de cafe e uma prancheta. A conclusao? Donkin'donuts tastes better.

Outro muito frequente e um do Burger King onde mostram um Whopper versus Big Mac na bandeja e pedem pra pessoas de micro vilas do Camboja, Tailandia etc provar os dois. O veredicto e, claro, a favor do Whopper. The Whopper Virgins e o nome da campanha.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Terceira semana em Park City. O tempo voa! O programa tem aproximadamente doze, falta pouco!
O pessoal aqui é muito legal. Dei a maior sorte. Meu corretor é um amor de pessoa e acabou se tornando também meu chefe. Não, não entrei pro falido mercado imobiliário. Ele tem uma sorveteria e é lá que eu trabalho. No inverno brabeira, uma sorveteria! As pessoas são muito atenciosas e prestativas. O Paul parece estar mais animado por me ter trabalhando lá, mó receio de decepcioná-lo. No primeiro dia aqui eu fiquei trancada do lado de fora. A chave que o Paul deu não estava funcionando bem e eu me ferrei na hora de ir comprar itens de sobrevivência como leite e cereal. Bati no apartamento do lado e a mulher foi uma grossa dizendo que não tinha telefone. Até parece. Desci e caminhei até uma casa que parecia acolhedora. Bati, expliquei e a filha da familia me ajudou a ligar pro Paul. Ele rapidamente chegou mas durante a friorenta espera pude contar com o nextel e uma amiga pra contar a primeira mancada da viagem. Ele me levou pra comprar os itens de sobrevivencia e rapidamente voltei. No dia seguinte comprei um celular pra caso aquilo acontecesse de novo. Descansei no dia seguinte, sábado, e esperei pelo meu primeiro roomate. Domingo resolvi ir a luta e procurar emprego. Rodei a Main Street, oficializei alguns contatos que havia feito no Brasil e, prestes a desistir e saltar em frente a minha casa, resolvi continuar e ir ao cinema. Consegui emprego lá e comecei na semana seguinte. Hoje fiz uma semana de empregada no Metro Cinema. E cinco dias de sorveteira.
Como disse, as pessoas são adoráveis. Oferecem carona quando te vêem no ponto de ônibus, são sempre atenciosas quando cruzamos no condomínio ou no elevador. São muito solicitos nos posts offices. Americanos que eu não esperava encontrar.

Dei a maior sorte em encontrar dois empregos. Está todo mundo desesperado, inclusive cinco roomates. Até agora são dez. Faltam quatro. Mas quando a neve cair sinistramente, o movimento da cidade melhora e todo mundo consegue emprego, se a crise permitir. Ainda vão ganhar mais do que eu. O cinema paga mal, 7.25, e só recebe o Sundance em duas das oito salas. A sorveteria é ok, 8.

Estou em contato constante com a equipe do Sundance. Não recebi minha credencial no dia dois de dezembro. Eles disseram que faltavam componentes no meu cadastro, ou seja, alguma cobertura relevante e recente. Enviei algumas coisas do site do Sidney Rezende. Torçam por mim, por favor!

Conviver com essa galera está sendo tranquilo. Quem me conhece sabe como sou neurótica, mas são todos muito divertidos, fora a parte de alguns ouvirem Latino e música sertaneja. A única preocupação é caso o Paul apareça. E ele apareceu. Um menino que não deveria existir 'oficialmente' abriu a porta pra ele e disse que estava tudo bem quando o Paul perguntou se o forno estava funcionando. Azar de um menino que era oficial e perdeu a identidade.

Confesso que se isso fosse um BBB da vida eu seria a primeira indicada. Já até soltaram essa piada aqui. Não achei muita graça, devo dizer. É que graças as dicas que recebi de outras pessoas, coloquei nome nas minhas comidas e por isso acho que já sou mal vista. Mas não me importo muito. Aliás, hoje fiz brigadeiro com o leite condensado que trouxe e com um pó de chocolate de uns meninos e morango. Ficou uma delícia! Que saudade de casa.

Minhas mãos estão constantemente vermelhas e queimadas, mesmo com todo o hidratante que tenho passado. O frio está tranquilo e só coloco as mãos no bolso, mas isso parece não ser suficinte, especialmente convivendo muito com o gelo da sorveteria. Estou bebendo mais água do que nunca mas isso não chega nem perto do recomendável.

Em três semanas só comi duas vezes no Burger King, duas no Mc Donald's, duas no Wendy's e dois cafés no Starbucks. Bem razoável, né. Ah, e só hoje comprei minha segunda garrafa de Coca. Se não fosse pelos sorvetes e pipoca de graça eu estaria indo muito bem!

Acho que por hoje é só.
Fiquem bem, amo todos.