domingo, 26 de outubro de 2008

50,78% x 49,22%

Eudardo Paes acaba de ser eleito prefeito do Rio de Janeiro. Eu acabei de terminar de ler 'A sangue frio'. Estava realmente deprimida com a leitura mas o foco do meu sentimento mudou quando minha mãe entrou no quarto, e dignamente, me parabenizou pois o meu candidato ficara em segundo lugar em uma disputa acirradíssima. O dela venceu. Esqueci completamente o assassinato da família Clutter descrito por Capote e só penso em como eu gostaria que o Gabeira tivesse ganhado.
Infelizmente a nossa política e o eleitorado é predominado por um pensamento de classe média, como diria um professor meu. O pensamento classe média independe da classe social. Uma pessoa riquíssima e instruida pode ser portador deste pensamento. Na minha opinião Eduardo Paes é um político de classe média. Não propõe nada de novo e não fará diferença alguma em seu governo. Em sua campanha, só vi falta de ética. A começar pelas bandeiras e mídia exterior que ele tanto critica mas usufrui mais que qualquer outro candidato. Mesmo que ele fosse o meu candidato, só de ver os papéis perto da minha zona eleitoral na manhã do dia 5 de outubro, mudaria. Acho simplesmente inconcebível que alguém que tenha a cara de pau de sujar a cidade dessa maneira preste como político. O caráter não muda no grau das ações. Se um sujeito é capaz de ser inescrupuloso nas pequenas coisas, será também nas grandes.
O modo como ele usou o apoio de Sérgio Cabral e de Lula é também vergonhoso e irritante. A cada minuto nos debates ele cita isso. E a gente está careca de saber que ter apoio de alguém não significa romper o isolamento político do Rio de Janeiro. Ele simplesmente não propôs nada. Só falou das quarenta UPA's 24 horas. Espero que cumpra e que ajude aos pobres que ele tanto defendeu nesta campanha.

Fiquei muito feliz, por outro lado, ao ver a campanha de Fernando Gabeira. O candidato do PV foi o primeiro a abrir os gastos da campanha e divulgar os nomes de todos os colaboradores, a falar que os cargos não serão distribuidos por conta de laços políticos, mas sim por competência. Falou em monitoramento aéreo da dengue e o candidato eleito ridicularizou essa proposta. Uma solução que deu tão certo em Fortaleza. Gabeira sabe da precária indústria carioca e conta com o turismo como fonte de renda da cidade. Infelizmente a maioria das pessoas não leva isso a sério, mas a proposta do candidato do PV de sinalizar a cidade para os turistas é de grande valor. Quem já foi a Salvador pôde perceber o quão bem sinalizada a cidade é. Todas as placas em português, inglês e espanhol, além dos símbolos indicativos do que é o lugar. Se é parque, praia etc. Infelizmente, mais uma vez, os políticos do Brasil tendem a ignorar os projetos bem-sucedidos e insistem no erro.
Gabeira sugeriu que um navio fosse afundado na Baía de Guanabara pois isso atrairia um fluxo enorme de peixes e a revitalização daquele ecossistema. Isso já foi feito nas Ilhas Cagarras, em Ipanema e lá existe uma procura muito grande de mergulhadores e turismo do gênero. Um turismo bastante caro, diga-se de passagem. As pessoas às vezes julgam essas coisas supérfulas e não vêem o quão lucratica e rentável seria para o maquinário financeiro dessa endividada cidade.
Infelizmente o pensamento de classe média venceu.
Espero que Eduardo Paes me surpreenda, seja um político inteligente, que vá além da mesmice e adote as propostas de Gabeira. Se não, daqui a quatro anos, torço para que Gabeira se candidate novamente. Até lá, veremos que Paes não têve diferencial algum, que fará as mesmas coisas que critica em Cesar Maia e, provavelmente, já estará em outro partido. Aí sim os 49% de Gabeira possam se tornar 80.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Horário de Verão

As pessoas sempre fazem o maior estardalhaço quando chega o horário de verão. Uns reclaaaaaamam do sono perdido, outros vibram pela hora extra de sol. Para mim nunca fez a menor diferença. Na verdade fazia quando ia à aula de inglês de bicicleta e, logo que o horário de verão terminava, tinha que me acostumar a voltar para casa no escuro. Confesso que sentia um pouco de medo e pedalava tão rápido que tinha vontade de me inscrever no Tour de France.
A questão é que de fato essa horinha de diferença deixa todo mundo bitolado e, por incrível que pareça, afeta na economia. E não só dos vendedores ambulantes da praia, que temos o prazer de ver todo santo ano agradecendo ao astro rei.
Nunca tinha visto tantas pessoas bebendo café ou dormindo em uma determinada aula muito boa. É raro eu conseguir ficar o tempo integral na sala. Costumo sair para dar uma arejada, compro um chocolate quente e volto. Mas hoje todos saíam para comprar café, a fila na lanchonete estava maior, o cheiro de café tomava conta o elevador, alguns portadores de rinite roncavam na sala.
Eu não entendo uma coisa. Existe uma razão para que o adiantamento do relógio se dê de sábado para domingo? Se o caos sonolento toma conta dos ambientes de trabalho/estudo, por que não ajustar os relógios na sexta-feira? Assim dá tempo das pessoas se acostumarem melhor com a idéia de tomar banho ainda noite.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

junkie

Outra coisa me marcou na quinta-feira passada. Essa, negativamente.
Bem antes de pegar o tal ônibus educativo em Copacabana, eu tirei sangue para exames na Barra. Lá para as 7h da manhã, se interessar a alguém. Faço isso constantemente e nunca tive problemas. Leio as plaquinhas para evitar hematomas, cumpro com o protocolo. Mochila no ombro direito já que a agulha entrou no esquerdo. Para abrir aquelas portas pesadas é a mesma coisa. E claro, passo direto do lanchinho ruim.
Achei que estivesse fazendo tudo como manda a encomenda, mas pelo visto não fiz. Já se passou uma semana e eu continuo com um roxo esverdeado (isso existe?) na dobra do meu braço esquerdo. Até uns dias inclusive dava para ver a picadinha. Quase Jared Leto em 'Requiem para um sonho'.
Sorte a minha que está um baita frio. Se usasse meus bracinhos de fora iam pensar que eu sou uma viciada em heroína. Onde ia parar minha reputação? (Que reputação, Lara?)